Neste artigo, vamos mergulhar no que a ciência realmente diz sobre como secar a cannabis da forma perfeita, explicando o porquê de cada etapa e apresentando um protocolo completo que pode ser aplicado em qualquer grow.
Por que a secagem é tão importante?
Logo após a colheita, as flores de cannabis ainda contêm:
- Alta umidade interna;
- Compostos vegetais instáveis (como clorofila e açúcares);
- Tricomas frágeis e sensíveis ao calor e à luz;
- Terpenos extremamente voláteis.
O processo de secagem tem três objetivos principais:
- Remover a água lentamente, evitando mofo e degradação;
- Controlar a velocidade de evaporação, para não perder terpenos e canabinoides;
- Permitir transformações bioquímicas naturais, como a degradação da clorofila e a maturação do perfil aromático.
Estudos mostram que a secagem responde por até 50% da qualidade final do produto (Namdar et al., 2018).
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
O que a ciência descobriu sobre secagem
A literatura científica sobre o tema cresceu muito nos últimos anos. Aqui estão os principais achados:
- “Cultivar-Specific Drying Approaches for Medicinal Cannabis” (2024) – Mostrou que secagens lentas, em câmaras controladas a 18–20 °C e 55–60% de umidade, preservam significativamente mais terpenos e canabinoides do que métodos rápidos.
- Fonte: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11013261
- “Postharvest Operations of Cannabis and Their Effect on Quality” (2022) – Demonstrou que temperaturas acima de 40 °C degradam terpenos e aceleram a descarboxilação do THCA.
- Fonte: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9404914
- “Effect of Selected Drying Methods on the Cannabinoid Profile of Cannabis sativa L.” (2023) – Observou que temperaturas altas aumentam a degradação de ácidos canabinoides e reduzem o teor de CBD e THCA ativos.
- Fonte: https://journal.pan.olsztyn.pl/pdf-195594-117112.pdf
- “Drying of Cannabis – State of the Practices and Future Needs” (2020) – Revisão ampla que recomenda secagem entre 18–21 °C, 50–55% UR e ambiente escuro total.
- Fonte: https://www.researchgate.net/publication/340849404
- “Effect of Temperature in the Degradation of Cannabinoids” (2022) – Mostra que a exposição à luz e calor acelera a conversão de THC em CBN, reduzindo potência.
- Fonte: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9664148
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Parâmetros ideais de secagem (base científica)
ParâmetroValor idealJustificativaTemperatura17–20 °C (máx. 22 °C)Evita volatilização de terpenos e degradação de canabinoidesUmidade relativa55–60% (60% na 1ª semana, 55% na 2ª)Permite secagem lenta e uniformeLuz0 lux – ambiente totalmente escuroA luz degrada THC e terpenosVentilaçãoLeve, indireta, troca de ar 1–2x/minEvita mofo sem ressecarForma de secarPlanta inteira pendurada de cabeça pra baixoSecagem mais uniforme, tricomas protegidosTrimagemPós-secagemFolhas protegem os tricomas e os aromasDuração10–14 diasTempo ótimo entre perda de água e preservação química
O protocolo completo – passo a passo
1. Colheita
- Colha a planta inteira ou grandes galhos, sem separar os buds.
- Não lave a planta, a menos que haja contaminação visível.
- Não faça o trim (retirada de folhas) agora — mantenha as sugar leaves.
2. Montagem da secagem
- Pendure os ramos de cabeça para baixo, mantendo espaço entre eles.
- Evite que buds se encostem.
- Garanta uma ventilação indireta e suave.
3. Controle de ambiente
- Temperatura: 17 a 20 °C;
- Umidade relativa: 55–60%;
- Luz: nenhuma — mantenha o ambiente 100% escuro;
- Ventilação: troque o ar lentamente (exaustor com timer e ventilador indireto).
Use um higrômetro digital com datalogger para registrar UR e temperatura.
4. Tempo e observação
- A secagem ideal dura de 10 a 14 dias.
- Quando os caules menores “estalarem” ao dobrar, está pronto.
- Se ainda estiverem flexíveis, mantenha mais 1–2 dias.
5. Trimagem (pós-secagem)
- Após a secagem, retire as folhas com calma.
- Agora os tricomas estão mais firmes e menos sensíveis.
- Evite manipular demais os buds para não danificar a resina.
6. Cura
Depois da secagem perfeita, vem a cura, a fase que finaliza o perfil aromático.
- Guarde os buds em potes de vidro herméticos (âmbar ou escuros).
- Mantenha o ambiente entre 18–20 °C e 58–62% UR.
- Nos primeiros 10 dias, abra os potes por 10–15 minutos/dia para arejar (“burping”).
- Cura mínima: 3 a 4 semanas.
- Cura ideal: 6 a 8 semanas.
Durante a cura, enzimas continuam agindo sobre compostos vegetais, removendo clorofila residual e estabilizando os terpenos — resultando em aroma intenso, sabor limpo e fumaça suave.
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Adaptações para diferentes setups
- Em ambientes muito quentes (>25 °C), é essencial usar ar-condicionado ou controle térmico.
- Se a umidade estiver muito baixa (<45%), use humidificador para evitar secagem rápida.
- Em locais muito úmidos (>65%), um desumidificador com controle automático é indispensável.
- Secagem rápida (menos de 5 dias) causa sabor “verde” e perda de até 40% dos terpenos voláteis.
- Secagem lenta e controlada é comprovadamente o método de melhor qualidade química e sensorial.
Conclusão
A secagem é uma arte guiada pela ciência.
Os estudos mostram que as melhores flores vêm de uma secagem lenta, escura, fresca e uniforme.
Temperaturas altas, luz e pressa são os maiores inimigos da qualidade.
Com 17–20 °C, 55–60% de umidade, ventilação leve e paciência, você garante buds com:
- Máxima preservação de terpenos;
- Perfil canabinoide estável;
- Sabor limpo e natural;
- E um resultado final de nível profissional.
Fontes científicas principais
- Namdar, D. et al. (2018) – The Influence of Drying Conditions on the Composition of Cannabis Inflorescences. Frontiers in Plant Science.
- https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11013261
- Ross, S.A. & ElSohly, M.A. (1996) – The volatile oil composition of fresh and air-dried buds of Cannabis sativa L. Journal of Natural Products.
- Potter, D.J. (2009) – The Propagation, Characterisation and Optimisation of Cannabis sativa L. as a Phytopharmaceutical. King’s College London.
- Zamengo, L. et al. (2019) – The role of temperature and humidity in cannabis storage and degradation. Forensic Science International.
- ResearchGate (2020) – Drying of Cannabis – State of the Practices and Future Needs.
- https://www.researchgate.net/publication/340849404
- Effect of Selected Drying Methods on the Cannabinoid Profile of Cannabis sativa L. (2023) – Polish Journal of Food & Nutrition Sciences.
- https://journal.pan.olsztyn.pl/pdf-195594-117112.pdf
- Effect of Temperature in the Degradation of Cannabinoids (2022) – National Library of Medicine.
- https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9664148
Hashtags sugeridas:
#CultivoCannabis #SecagemPerfeita #Terpenos #THCA #GrowScience #ZombieX #CannabisMedicinal #CuraCannabis #GrowBrasil
